Imaginemos que saio desta espécie de túnel negro por onde me têm trazido esta semana as dores nunca antes experimentadas de uma inflamação nas espondilíticas cervicais, que resolveram envolver-me desde os mais recônditos locais da minha cabeça ( nem eu sabia que haveria por ali tanto cantinho para doer ! ) Imaginemos que já estou outra vez de bem com o meu computador e que a minha cabeça já se vai aguentando na posição que ele lhe exige..
Então aqui vou eu pensar ( será que não vai doer? ) neste 3º domingo de quaresma, tão especialmente cheio de interpelações, que chego a crer vir também ele pleno da especial atenção com que o Senhor este ano me atribuiu a minha penitência quaresmal.
Em primeiro lugar, vemo-nos como que acareados com"três" interlocutores diferentes. Muito diferentes mesmoNo Livro do Êxodo, é o Senhor Deus que fala àquela turba humana que acabara de salvar de uma humilhante escravidão e que, vencidos tantos obstáculos só superáveis porque existiu a Sua ajuda,iria agora, eufórica, entregue a si mesma fazer o quê ? Sem "rei nem lei",como se diz, e sem a mínima noção de como se é povo, sem vícios ou fraquezas humanas ( não cobiçarás a casa, nem o boi, nem o criado, nem a mulher do teu vizinho..! ) Bem, o Senhor Deus acaba mesmo criando um código e é com uma certa dureza que tudo faz para que entendam a importância de observá-lo EU SOU UM DEUS CIOSO. castigo a ofensa dos pais nos filhos,netos e bisnetos daqueles que me detestem, mas sou benevolente com os que me amam e guardam os meus mandamentos. E assim aquela massa humana seguiu na procura de um entendimento nada fácil, então. NUNCA, tenho vontade de o dizer agora. Todo este ideal seria realmente uma loucura de Deus ? Surge-nos então o segundo interlocutor, o "apaixonado" São Paulo a lembrar-nos aquela pertinente noção das distâncias que vão de homem para Deus e que estamos constantemente a esquecer.: « o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens e o que é fraqeza de Deus é mais forte...»» Por isso mesmo é que tanto se fala naquela " fúria" de Jesus ( o nosso terceiro interlocutor de hoje ) ,quando,suponho que gritando e esbracejando correu com os vendilhões do Templo. Foi isto uma sua fraqueza ou uma sua força ? Na linha de quanto há dois mil anos era necessário fazer para ser compreendido,terá sido uma força. Para que o"fraco" HOMEM não precisasse, dois mil anos depois ,ainda , de ser lembrado daquilo que todos sabemos lhe falta: a noção de que, cobiçar o boi ou o criado do seu semelhante e ver neles apenas o chorudo possível negócio, fará de si mesmo um " vendilhão" sem alma, sem Amor, que Jesus voltará a expulsar do TEMPLO.E de que a pertença a um povo, e para mais "de Deus",lhe exige discernimento para uma solidariedade / caridade que não se coadunam com qualquer "banca" de vendas no átrio de qualquer templo...
1 comentário:
Discernimento para a solidariedade/caridade.
Nem mais!
Jinhos.
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