Sofrer ou rir com os outros não chega nunca a projectar-me para lá da solidão . É um acto de vontade e às vezes é até o decalque de situações já vividas, aderência ocasional, fortuita, mas sempre comprovadamente impotente para me fazer sair abertamente de mim para o"outro", ou para trazer o"outro", em toda a sua verdade, até mim... Houve tempo ( mesmo "esse"tempo ) em que me julgava acompanhada, mas sei hoje que isso era uma ilusão, por pura imaturidade.
Compreendi depois que era demasiado ambicioso o crer-me em total sintonia e sincronia com as misteriosas cidadelas de silêncio de cada um dos "outros" e fui-me apercebendo dos imensos desfasamentos que iam construindo a minha solidão. Por acaso, vi uma vez que OCTÁVIO PAZ fala do"labirinto da solidão" como uma das causas primeiras da ausência de solidariedade.
Labirinto é de facto a palavra certa para traduzir esta espiral, com ilusórias possibilidades de saídas, em que nos vamos enrolando de tal maneira que já nem sabemos muito bem se sim ou não temos vontade de sair dela.
É que,às tantas, o estar-se ou o ser-se só passa a ser um pouco viciante... e cómodo !...
2 comentários:
Dignissima Senhora,
acabo de ler alguns dos seus textos. Magnificos. Agradeço sinceramente os momentos de puro deleito que me proporciona.
Bem Haja
Lina Cruz
Lina Cruz:deixa-me um pouco envergonhada ao tratar-me de forma tão cerimoniosa! Mas fico contente por saber que o que escrevo se repercute e pode fazer algum bem a quem o lê...Obrigada!
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