Esta é a época doce do rebentar das mais tenras folhas das árvores, do reflorir das giestas pelos campos fora, do renovo da vida, deixando para trás a morte da semente. Da humildade dos matizes roxos e amarelos que em formas variadas vão atapetando os chãos, eleva-se geralmente um especial vapor perfumado de maceração que inconfundivelmente nos diz que estamos na PÁSCOA.
Às vezes ela vem chuvosa e fria. Porém, límpida.
Experiência incomparável é então penetrar nos espaços meio escondidos entre montanhas e densas matas verdes que as estradas parecem violar ! A um virar de curva, numa subida imprevista, num topo inesperado, estender o nosso olhar sobre uma extensa várzea, descobrindo, a montante e a juzante, o serpentear intermitente dessa estrada que nos leva por dentro das intimidades das roseiras bravas ou nos guinda até aos pedregosos cimos que o musgo aveludado torna cor de chumbo ! De tão belo, este mundo chega a parecer-nos irreal.
Quebra-se o encanto. trespassada a serra, nos encontros fortuitos com as águas que nos surgem a escorrer sobre fragas e a marginar laranjais cujos perfume e colorido nos acordam para uma realidade que ainda poderia ser o jardim do EDEN, se não fosse a presença um pouco´adiante de uma imponente obra de engenharia. E a barragem do caminho pela verdadeira manta ondulante de um rebanho de ovelhas, elas em sua casa, nós os intrusos...
É assim quando a Páscoa não nos colhe nos esplendores habituais da Primavera , mas sim nas inexplicáveis razões de ternura pela nossa Terra,onde ,qualquer que seja a latitude, acolhemos o esperado renascer da sementinha...
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