12 fevereiro 2012

Manifestações

Tanto se espera dos escritores, em termos de boa gramática, temas sugestivos e imagens elegantes, e afinal acaba-se por se ser contagiado pelo contrário de tudo isto e que é abundantemente publicado e até premiado actualmente ( devo esclarecer que não adopto o acordo novo na minha "produção"). Ontem ocorreu-me escrever: uma panela de sopa a entornar o seu puré que fervia ao lume e que pensando que pudesse "apurar" um poco mais, nos esqueceramos de apagar, esparrinhando-se sopa para toda a lisa placa do fogão e esbarrondando, alastrando... Pois foi ! Ontem a Igreja dedicara o seu dia aos doentes . Dar-lhes um amparo moral, um acompanhamento no sofrimento, uma esperança de coragem para o que a doença lhes exigir. Veio ELA ter comigo, a minha casa, por pura generosidade, sem que eu lhe tivesse pedido nada. E eu até estava quase festiva, porque era dia de Nossa Senhora de Lourdes ! E com todo este ambiente que só posso classificar de AMOR ao OUTRO, quando fiquei só, mas com o peito cheio, como acontece nos assomos de ternura ou felicidade, ligo a TV e... ... encontro uma multidão ululante... Ocorreu-me tão de súbito a ideia que escrevi ali acima... Quem (e o quê) se introduzirá nas mais íntimas costuras da alma dos povos, do entendimento das gentes, para conseguir na mesma hora do mesmo dia, pôr a nu a força da raiva e do ódio e a do amor e paciente esperança de todo um povo de si mesmo irmão ?...

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