Éramos todos jovens, a começar vidas de gente crescida. O meu marido e o meu cunhado tinham nos genes os sonhos de voar e com eles modularam as suas vidas. A minha cunhada e eu éramos meninas cultas, eu pela Universidade, ela por algumas "mademoiselles" e "frauleins" que lhe deram para completar o que aprendera nas "freiras". Vestíamos bem, "recebíamos" bem, fizeramos cursos de culinária especiais e também de Decoração Floral. Tinhamos casas bonitas e, cada uma, suas amizades e as dos nossos maridos. A minha cunhada foi mãe e foi sendo uma alegria para a qual eu não estava destinada. Quando nasceram os gémeos, eram uns bébés grandes, loiros e carequinhas e já vieram encontrar duas manas. Nunca vi uma barriga de grávida tão grande como a que gerara os gémeos! Pois se eles eram enormes e perfeitos... E mais tarde ainda veio outra mana... E cresceram e a Vida foi vida... Houve casamentos, houve diferentes acontecimentos e os rapazes lá foram chamados para a Guerra que era daquele tempo, em África. Um deles nunca chegou a ir.Teve um brutal acidente de moto nas vésperas da partida e seguiram-se três meses em coma profundo com a Mãe à cabeceira. Com a Mãe à cabeceira, houve viagens, houve peregrinações (Lourdes e a sua piscina !), houve toda a espécie
de tratamentos possíveis na época. Um dia a Mãe deu conta de que havia um dedo de um dos pés que mexia... Pronto ! Veio o renascer... E uma fé inabalável deu forças a toda a família para acreditar. Foi possível, sim, uma nova vida. Com tantos cuidados, medos, paciências, desculpas e perdões, mas houve de novo um par de gémeos ,que a vida tornara agora tão diferentes, mas em que sempre o mais forte procurou proteger o outro... Meio século de vida. De novo o transporte veloz que pode matar... Uma ravina, umsalto para a morte ! ! ! A MÃE... Dolorosa fonte de Vida... E a Vida que nós vivemos, como começou radiosa, promissora, fútil... Como imaginar, então, que "isto" ia ter que ser assim ?...
1 comentário:
E pensar que eu estou nesta fase de decidir se tenho filhos, se me caso ou não para um dia contar essas histórias...
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