Este meu Outubro cuja chegada representa sempre para mim aquilo que para quase toda a gente representa a Primavera, lá veio com o seu bornal de inigualáveis dias doirados, mansos e pacificantes ,alternando com aqueles primeiros cinzentos, entre pretos e pardos, dos primeiros chuveiros ou trovões destemperados que obrigam as pessoas a correrem aos roupeiros a retirar capas e chapéus impermeáveis que lá descansavam havia alguns meses,meses demais, em minha opinião.
O que não há dúvida é que este cariz de recomeço existe e me aguça o apetite de fazer coisas novas, de limpar gavetas, de deitar fora coisas estafadas tornadas inúteis agora, e de renovar (em casa, nas roupas, em algumas rotinas )... E subitamente, no meio desta ambiência, nasce uma criança ! ! ! É ou não é para ser tomada como a personificação de todos os renovos ? Uma menina, sobrinha bisneta, que me anunciam linda como uma flor, pois nasceu gordinha, quase sem esforço, e por isso sem aquelas ruguinhas e vermelhidões que trazem os bébés cujo parto não foi fácil... E depois de digerida com alguma comoção esta novidade, soltam-se no meu peito as cordas que tangem os tons felizes, obscurecendo tanta sonoridade depressiva que me andava a ensurdecer, mesmo apesar das pretendidas alegrias das comemorações republicanas... O meu jovem gatinho fez ingénuas tolices que me fizeram rir, a atribuição do Nobel ao Vargas LLosa deu por mim uma enorme mão-cheia de créditos àqueles senhores suecos, uma visita de pura amizade, tão inesperada quanto carinhosa, deixou-me o coração maior... E até uma aula sobre poesia trovadoresca, de que nunca fui muito apreciadora, me fez sentir realizada como poucas vezes...
Parece haver de facto razões ainda para um renascer da ESPERANÇA ,neste "meu" outono. É -me concedido pela FÉ. Nada mais o poderia explicar...
Sem comentários:
Enviar um comentário