10 maio 2009

As varas

Esta foi a semana em que o tempo, de quente, passou a frio e de brilhante passou a baço...Tenho uma pequena fatia de jardim, coberta de hera, com uma cameleira num dos topos.Quem sabe destes arremedos de jadins que há na cidade sabe que, numa certa época, pululam os jarros alvíssimos de largas folhas verdes que requebram como bailarinas orientais. Mas vem a época em que eles abdicam, secam e só no subsolo quente fica um bolbo que ninguém vê e até esquece, pelo menos pelo espaço de um ano... Os velhos jarros amarelaram,
descaíram e arrastam-se pela terra consentindo que tudo o que for exuberante lhes caia por cima e os abafe. Veio hoje o jardineiro e foi puxando, separando, arrancando...Era um montão de lixo, aquilo que fora tão airoso !
Metáfora ? São João diz no Evangelho de hoje que Jesus terá usado a metáfora da vara seca que é jogada fora e queimada, seca porque não dá fruto, e o fruto é uma nova metáfora...Como eram misteriosas as palavras de Jesus !
É que, mesmo sem eu fazer nada, os meus jarros voltam a rebentar cheios de força, na próxima Primavera...Só mesmo isto é possível porque aos seus escondidos bolbos,até aí !, chegará a Infinita Misericórdia.
Como é que eu não penso nisto quando estou como os velhos jarros do meu minúsculo jardim ?

1 comentário:

Joana disse...

Também gosto muito de jarros, a minha avó costumava ter muitos...

A culpa é da metáfora, se a metáfora o não fosse entrava-nos pelos olhos e não saía da cabeça tão cedo... digo eu. :))))))))))))))))

Jinhos.