14 fevereiro 2009

´Camões




...e como duram as velhas paixões!
Parecerá que estou a escrever isto hoje porque a ganância comercial, a certa altura, percebeu que seria proveitoso ir buscar o costume estrangeiro de celebrar um dia dos namorados, na data de hoje. Mas não. Até porque há já alguns dias que ando neste enlevo de reviver uma antiga paixão. Deverei dizer melhor :um velho amor. Porque de paixão a amor vai uma grande diferença, como se sabe. E quem é o eleito, quem será? É CAMÕES.Não sei bem se os LUSÍADAS. Talvez os dois, pois não há um sem o outro. E não é mesmo a LÍRICA que consegue arrebatar-me.
É preciso chegar ao décimo segundo ano do Secundário para que os alunos portugueses retomem o contacto, este já interessado e consciente ,com o maior poeta da sua terra, com o mais belo poema dedicado àqueles que esta terra fizeram SUA. E é preciso, para que isto aconteça, que se veja( o que está entrando pelos olhos ) que a MENSAGEM de Fernando Pessoa é filha de sentimentos paralelos, nunca concorrentes, por estar grávida de intenções intencionalmente e completamente distintas das de Camões ( perdoe-se o "intencional " pleonasmo)Mas os doutos programadores das coisas que os jovens portugueses devem conhecer para cultura futura pensaram ( e bem ) que, nesta étapa dos seus estudos, PESSOA devesse chamar Camões a terreiro... Para amá-lo ? Seria bom, porque quando se ouve pessoas responsáveis reduzirem as suas memórias dos Lusíadas a um "pacote" de enfadonhas "orações", como eu já tenho ouvido, há a obrigação de responder a tal enormidade :«...o coração sujeito e dado ao vício mole se faz e fraco e bem parece que um BAIXO AMOR OS FORTES ENFRAQUECE» sendo que se a «pátria está metida no gosto da cobiça e da RUDEZA» ela não sairá mais de «hua austera, apagada e vil tristeza »
É pois agora a minha oportunidade de tornar conhecido aquele inabalável amor à ditosa pátria, aqui, quase cume da cabeça de Europa toda, e aquele enorme orgulho em pertencer-lhe que faz Camões colocar na boca de outro o seu desejo de voltar de onde estiver, para nela acabar os seus dias. A intensidade de sentimentos, a arte no domínio da língua e, com esta, da frase que estrondeia com a "trombeta castelhana" e estremece de suavidade junto da "formosíssima Maria" ou da "mísera e mesquinha", a abundância da informação científica e de conhecimentos práticos e técnicos, a perspicácia na interpretação das lendas, dos mitos e da História , tudo são
razões para uma admiração tão apaixonada que os portugueses não têm sabido cultivar.
Pudessem os meus alunos veícular este amor até novas gerações e essas a outras e assim por diante !... Porque dura, dura mesmo, esta paixão, quando começa...

1 comentário:

Joana disse...

Dura sim! :))))))))))))))))))))))

(E faria muito pela 'portugalidade' que anda quase pelas ruas da amargura actualmente... Os americanos, por exemplo, tem um arrebatamento pela pátria absolutamente extraordinário e não têm, como nós, quem a tivesse cantado... Terão certamente é uma mão cheia de realmente "doutos programadores"...)

Jinhos.