31 janeiro 2011

Monte das Bem-Aventuranças (Israel)



Se se clicar sobre a foto pode perceber-se melhor a posição relativa entre o Monte e o Mar, que é o que nos dá ali uma forma particular de embriaguês ( ou volúpia ?) de bem- aventurança...

29 janeiro 2011

Antes de janeiro acabar

Que sorte ,no decorrer de uma semana em que uma área do meu computador resolveu negar-me a sua colaboração, ter tido quem me possibilitasse fazer bonitos "embrulhos"( para mim foram como presentes de Natal ) com revisitas a Sophia de Melo Breyner, tão minha contemporânea, e a um distante São Tomás de Aquino ( século Xlll), mas qual deles para mim um pilar da cultura e da concepção que tenho dos deveres sociológicos de cada um de nós !
Se tempos houve em que muito mais se cultivava a "casa" ou melhor, o estar nela, o viver nela,isso foi uma das coisas que acabou talvez quando as mulheres começaram a trabalhar profissionalmente. Hoje ninguém pensa em visitar amigos. Só se vai à casa deles por convite para uma qualquer refeição. Se não houver esse convite pode bem acontecer que amigos, conhecidos ou até familiares passem mais de um ano sem se verem (vivendo todos na mesma cidade ). E chega a dar-se a triste circunstância de alguns só se reencontrarem, quando um deles parte do mundo e o outro lá se apresenta no velório por dever social... Bem ;deixemos esta crua realidade e lembremos, nos tempos do Eça ,a visitinha em que se entregava á empregada que abria a porta o cartão de visita ( até este nome era por essa razão) para que o levasse a anunciar quem vinha... Que era surpresa e não convidada para nenhuma refeição. Puro interesse de amizade...
Isto surgiu na sequência do meu pensamento em que verifico que em qualquer "buraquinho" de tempo livre de obrigações de trabalho, todo o mundo começa logo a pensar em...SAIR... e nunca em gozar o conforto de uma casa que hoje em dia muitos desejariam ter sem poderem.
Pois, graças a essa fixação no SAIR, as estações de rádio adquiriram o feliz hábito de, mesmo de manhã muitíssimo cedo, nos lembrarem datas ,exposições e toda a espécie de eventos comemorativos das mesmas e assim podemos nós, os mais distraídos, fazer as nossas escolhas ou planos de participação, conforme os nossos gostos ou interesses e de forma a preencher fora de casa umas horas livres de trabalho. De tal modo isto de se ter que sair se tornou imperativo, que até para as crianças os pais têm como obrigatório desandar com elas para fora de casa, levando-as seja lá para onde seja...E também estão começando a surgir espectáculos e organizações curiosíssimas só para crianças ( concertos para bébés a partir dos dois anos, por exemplo). Creio que, para uma nova forma de se estar na vida, em mobilidade, como agora se usa pensar, estamos de facto em presença de muita e engraçada criatividade. Para uma boa conversa há as tertúlias, os encontros no café ou no bar;para uma boa música há concertos mais ou menos tranquilizantes ou electrizantes e tumultuosos, conforme o tipo de estímulo que se procura, nada disto hoje se faz de portas adentro e pronto. A casa é para pouco mais do que para dormir ! ! ! Ou então vivê-la em solidão... Um eremitério !E haverá( concluo eu) poucos que conheçam então o gosto dos eremitas. Como disse ao começar este post, saborear Sophia em plena abertura para admiração e até com uns salpicos de fugitivas recordações de encontros pessoais e depois entregar em paz o espírito à meditação de um lucidíssimo santo, é, pode ser, a melhor evasão de momentos muito, muito esgotantes e até dolorosos...
Porque não descubro realmente em toda a actual ansiedade para sair senão uma tremenda necessidade de EVASÃO...
Que quase sempre decorre do "não querer" cada um encontrar-se cara a cara comsigo mesmo...

22 janeiro 2011

Campanha eleitoral

Da minha natural preferência pelas leituras do Antigo Testamento destaco ainda , depois de ISAÍAS, o livro do profeta EZEQUIEL. Encanta-me a simplicidade daqueles homens que imagino grandes e fortes , quase gigantes, e no entanto dóceis ao chamamento de Deus, o Senhor DEUS que escutavam com respeito e cujos preceitos procuravam absorver, adivinhando neles as bases da construção desta hoje já nossa sociedade de homens tão distantes daquele mundo quase rupestre quanto a Terra está do Céu... leio agora muitas vezes na net páginas ou frases que alguém cuidadosamente escolhe para nos dar a nós leitores matéria de meditação sempre adequada ao dia, à época, ao desenrolar das nossas vidas no dia a dia da nossa prática de Fé.
Passada que foi agora mesmo a conturbadíssima preparação para eleições presidenciais, hoje, dia de meditação para esse fim, "encontrei-me" com o profeta EZEQUIEL, através desta frase:Portanto livrarei as minhas ovelhas para que não sirvam mais de rapina e julgarei entre ovelhas e ovelhas.O Senhor Deus tinha constatado que a pastorícia daquelas metafóricas ovelhas vinha a ser conduzida em proveito dos pastores e não no do fortalecimento das mesmas e então clamou :ai dos pastores que se apascentarem a si mesmos !...
Após as extraordinárias queixas, acusações, insinuações e desrespeitos que nos foram presentes no decorrer desta campanha eleitoral, após esta deseducação de uma sociedade que cada vez mais crê que tudo lhe é permitido e desculpado mesmo que seja"apascentar-se a si mesma" só e apenas, pareceu-me ouvir como EZEQUIEL "LIVRAREI AS MINHAS OVELHAS E JULGAREI... ..."
Mas quando, Senhor Deus, quando ?

11 janeiro 2011

...das notícias, o crime

Aonde ir buscar todas as palavras simples e despretenciosas que fui deixando cair por não sei onde e que me bastavam para eu dizer tudo o que era o meu mundo despretencioso e simples ?
Cresce o Mundo ao mesmo tempo que nós e perdemos juntos a idade da ínocência ? E por aí se vão perdendo coisas...
Na filosofice deste nosso viver assim mais ou menos acomodado, zás !, uma chicotada !!! Agiganta-se à nossa frente a figuração do horror, desta vez não da guerra, não da calamidade meteorológica, não dos brutais estremeções da natureza, mas de tudo isto amalgamado na medonha e repugnante capacidade humana de matar o seu semelhante...
Será um fait divers talvez, daqui a um tempo, e isso é que me dói. Apurámo-nos todos tanto para chegarmos a «isto» ? Quem dera poder pegar numa borracha e apagar esta dolorosa vergonha da página actual da nossa vida !
Ocorre-me limpar os meus pensamentos com um soneto de RUY BELO
Na minha juventude antes de ter saído
da casa dos meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebenter do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio e era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela tivesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não sei dizer
Só sei que tinha o poder de uma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só Querer

07 janeiro 2011

Começar 2011

...e uma vez aqui chegados, vemo-nos de novo inelutavelmente arrastados pela onda do habitual, do quotidiano ( mais ou menos rotineiro ), do conformismo social, do antes assim que pior.Claro que esta generalização já está a ser verdade para apenas um grupo dos chamados sortudos aos quais ainda é possível retomar qualquer coisa interrompida, nem que seja o não fazer nada voluntário, porque é desoladoramente presente aos nossos olhos a mole imensa que cresce todos os dias daqueles que se vêem sem nada para retomar, repetir ou continuar.
Que pena constatar tudo isto no dealbar de um Ano Novo, época que fui formatada a relacionar com a Esperança de só "coisas boas" e "novas" !
É ainda por isso e em consequência do que disse a começar, que de novo me vejo sentada "no meu canto",sem a inquietação dos actos sociais para os quais nos empurra a solenidade das celebrações e, ao mesmo tempo, o apelo do reencontro com amigos ou parentes que só nestas datas se torna possível. Que datas ? Pois o Natal e as suas envolvências.
Como me lembro do tempo em que não havia esta forma de pressão porque é tradicional e "deve ser agora ou então não é mais, em todo o ano" ! Havia às terças-feiras o chásinho em casa da Tia X, às quintas jantava-se com os Avós, aos domingos, depois da missa ia-se almoçar com os XY, amigos desde a escola dos Pais, e por aí fora, iamo-nos vendo, acompanhávamo-nos e sabíamos coisas uns dos outros... Arranjar-se-ão já umas quantas desculpas para passarmos um ano inteiro sem nos vermos e consequentemente sem sabermos do fundo da alma dos outros...Tudo se remedeia com meia dúzia de telefonemas, e-mails ou sms's, porque se trabalha todo o dia, porque se mora longe, porque os transportes... ... E não se vêem os olhos pisados, os ombros descaídos, o tornozelo inchado ou um clarão no olhar de uma alegria que se não diz ,às vezes só porque se transformou o arrumo dum quarto, se adquiriu uma planta nova...Não se sabe da nossa casa, como não se sabe de nós, porque não nos frequentamos.
Mas, retomando o meu fio inicial, não foi mais uma vez sem emoção que fechei a última gaveta com a última caixa dos ouropéis que deram tanto brilho à árvore, ao presépio, aos recantos e às mesas com que festejei os meus amigos que vieram. Nada disto parece ter muito que ver com
aquele recomeçar, no meu canto, mas faltou aí o regresso da alegria nas presenças dos alunos.Faltava aí falar nessa onda que me arrebata para um renovo que já não espero, mas lá desponta tímido e feliz...
Faltaria sempre falar daquela Esperança que ultrapassa costumes, usos e desusos,e até a insofrida política desgastante. Faltaria sempre falar daquela Esperança que começámos a ter com ISAÍAS...

01 janeiro 2011

Ano novo 2011

Ao ano que se despeça
vem um Novo suceder...
Assim lhe usamos chamar...
Mas porque novo há-de ser ?
Por tudo recomeçar ?
Há anos que eu recomeço
e sempre é a envelhecer...