01 julho 2006

Todos os amigos com quem falei,todas as notícias de jornais,rádio ou televisão, nestes dois ou três últimos dias me mostraram, em gradações variadas, uma enorme ansiedade pela chegada do dia de hoje que ,como uma mulher grávida, traz no seu ventre um importantíssimo jogo de foot-ball.Para mim, apenas mais um deste Campionato a decorrer e no qual, naturalmente, se têm sucedido as vitórias e as eliminações.
A minha formação e a informação na área desportiva sempre foram quase nulas. Por isso sei muito pouco acompanhar, como talvez deveria, aquele grupo de rapazes que a TV nos mostra juntos com a bandeira e o hino deste meu país que eu tanto amo.E agora amo-os a eles todos.Não quero que lhes aconteça nenhum mal :são fortes, saudáveis, bonitos...e parecem-me um tanto ingénuos, se acaso os oiço falar.Têm de muito bom uma enorme crença na defesa de certos valores, e isso tem muito a ver com a preservação da nossa consciência de povo , de nação.
E então vejo-os, oiço-os, sinto-os, a viver toda esta ansiedade porque aí vem um SENHOR JOGO,e fico-me a pensar :como terá sido para eles este escoar de tempo, até hoje?
Para depois daquilo a que os obriga a sua função de jogadores, o que lhes fica nas horas de expectativa? Será que nas suas cabeças ou nos seus corações há a noção de um relógio como este
meu?


O RELÓGIO DE SALVADOR DALI


Como do tempo estou andando atrás,
hoje porque me falta e já se esvai,
àmanhã porque, em esperas, me parece demais,

entendo que é a VIDA que se escoa
entre dois ponteiritos deslizantes
sobre um surrealista mostrador

que,indiferente e flácido ,entretece
os segundos e as horas e as deshoras
da nossa vida toda, até um dia...

Dia da soma de tantas demoras,
das chegadas falhadas,
das partidas tardias...

Eu é que então não estarei mais aí.
Ter-se-ão já escorrido todas as minhas horas...
Estarão já derretidos os meus dias...

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